Transcrevo abaixo uma mensagem de Luiz Ventura, que enriquece o debate.
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Acredito que, para melhor compreender os problemas das artes plásticas é preciso, antes de mais nada, conhecer as causas que deram origem a essa "radical mudança na arte"; mudança criada, imposta e financiada mundialmente pelos norte-americanos visando a hegemonia econômica, cultural e política daquele país; essa "radical mudança na arte" foi o resultado de ato político, inteiramente desvinculada da realidade, dos interesses e da cultura dos demais países.
Para melhor conhecer o ocorrido seria interessante que os nossos estudiosos procurassem saber as razões que levaram à criação do Museu de Arte Moderna de São Paulo e da Bienal de São Paulo.
Seria igualmente interessante revelar o papel desempenhado pela CIA no campo da cultura em nosso país, mostrar o papel do Museu de Arte Moderna de Nova Iork nessa empreitada, saber um pouco mais das constantes viagens feitas ao Brasil pelo sr. Nelson Rockefeller, e da atuação das várias Fundações e empresas multinacionais atuantes no campo das Artes no Brasil, dentro do quadro da chamada Guerra Fria Cultural.
Conhecida as raízes que geraram essa mudança radical e a posterior destinação da arte - que deixa de ser produto cultural para se tornar mera mercadoria - fica mais fácil entender o papel reservado pelas elites às artes plásticas no Brasil e no mundo, saber quem se beneficia disso - e a razão do beco sem saída em que arte 'contemporânea' se encontra.
Eu acho que cada um tem o direito de fazer o que quer, não acho correto fazer restrições. Tenho porém a obrigação de registrar a minha mais profunda decepção à submissão da maioria dos profissionais de artes plásticas - artistas, professores, críticos, promotores, divulgadores, jornalistas etc.- à política cultural colonialista imperante.
Essa brutal interferência é responsável pela perda irreparável de um sem número de artistas e estudiosos de talento, que se encontram perdidos na fabricação de obras sem sentido, totalmente alheias às nossas necessidades, realidade e cultura.
Há quase 60 anos Nelson Rockefeller proclamou ser o Expresssionismo Abstrato a pintura da livre empresa, empregando milhões de dólares em sua difusão. Nessa mesma época a CIA considerava que "a propaganda mais eficaz era do tipo em que o sujeito se move na direção que você quer por razões que ele acredita serem dele".
Em 60 anos a CIA conseguiu a proesa de fazer as artes plásticas caminharem do "Expressionismo Abstrato" ao "Cocô na Lata". O rei está nu, essa verdade deve ser divulgada não aceitando como Arte tudo o que se chama atualmente de arte.
Pode ser que eu me engane, acredito porém que, ao mudar as 'circunstâncias materiais e históricas' que a sustentam, essa produção elitista, hoje incensada, badalada, premiada, proclamada, escrita, fotografada, vendida e comprada será, a exemplo das teses sobre o sexo dos anjos, totalmente esquecida.
Considero como elite a definição de Joaquim Francisco de Carvalho: "elite é o estrato social que controla os recursos materiais e humanos da nação e tem poder para promover ou bloquear iniciativas capazes de influir nas políticas
públicas" ou, em poucas palavras: os donos do poder.
Thursday, January 17, 2008
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1 comment:
Gostei do texto, não sou tão liberal como o altor de defender a idéia das pessoas fazerem oq querem mas, muito do que está escrito já ouvi da boca de poucos professores na faculdade. Acredito que o mais correto do texo, é afirmar que muitos talentos se perdem no caminho por causa do mercado, já vi pessoas com talento a ser explorado, passar para o lado negro da força (arte conceitual)por influência de professores, ou por revolta, de ver outros serem reconhecidos com trabalhos, ou tentativas de trabalhos que só de olhar percebe-se que são ruins.
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