Friday, December 21, 2007

Enquanto isso...


Duas pinturas de Joan Miró foram arrematados ontem num leilão, em Paris. "Estrela Azul" (1927, acima), qualificada pelo próprio pintor de "quadro-chave" de sua obra, foi vendido por 11,6 milhões de euros (cerca de R$ 30 milhões) e "Pássaro" (1926), por 6,2 milhões de euros (R$ 16 milhões). A venda bateu o recorde mundial para uma obra de Miró. Os dois quadros integravam um lote de dez telas, incluindo Picasso, Juan Gris e Léger, que estavam guardados há 40 anos num cofre, e vinham da coleção do banqueiro André Lefèvre. [obs. Existem duas telas de Miró com esse nome; os sites dos jornais brasileiros estão divulgando a tela errada]

É curioso observar como, nos leilões desse nível, a cotação dos artistas modernos não pára de subir. O tempo vai dizer o que acontecerá com os artistas contemporâneos que estão na moda hoje. Não é à toa que, quando os grandes museus decidem vender obras modernas para fazer caixa para adquirir artistas contemporâneos, a grita é geral. Foi o que aconteceu nos anos 90, quando o Guggenheim vendeu um Chagall, um Modigliani e um Kandinsky para comprar a coleção Panza, de obras minimalistas e conceituais (algumas "imateriais") que hoje não devem valer mais nada.

Aliás, o responsável por esse negócio brilhante, Thomas Krens, foi o emissário enviado ao Rio de Janeiro, em 2003, para negociar a construção de uma filial do museu na cidade. Uma ação popular foi movida contra o projeto, exorbitante. E não se pense que isso foi coisa de Terceiro Mundo. Em Nova York, em 1999, um trombolho de aço de Richard Serra, Tilted Arc (abaixo), teve que ser removido das calçadas do Federal Plaza, graças a uma ação judicial movida pela comunidade local.
E o Serra ainda queria receber uma indenização...

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