Wednesday, January 23, 2008

Esta obra vale 19,1 milhões de dólares

Damien Hirst, Lullaby Spring (2002)
Vitrine de aço e vidro e pílulas pintadas
182,9 x 274,3 x 10,2 cm


A obra acima, de Damien Hirst, integra a série conceitual "As Quatro Estações" e é composta por uma estante de aço inoxidável e vidro, com 6.136 pílulas de diversas cores, que aludem às estações do ano. É a mais cara obra de um artista vivo do mundo: foi comprada por 19,1 milhões e dólares em 2007.

Esta obra vale 19,1 milhões de dólares
Esta obra vale 19,1 milhões de dólares
Esta obra vale 19,1 milhões de dólares
Esta obra vale 19,1 milhões de dólares
Esta obra vale 19,1 milhões de dólares
Esta obra vale 19,1 milhões de dólares
Esta obra vale 19,1 milhões de dólares
Esta obra vale 19,1 milhões de dólares
Esta obra vale 19,1 milhões de dólares
Esta obra vale 19,1 milhões de dólares

Mais informações reveladoras sobre Damien Hirst:

- Para atender a demanda do mercado por obras suas, Hirst administra uma equipe de mais de cem assistentes, entre operários, artesãos, químicos, taxidermistas, biólogos e engenheiros. Ele raramente coloca as mãos na massa, apena supervisiona tudo à distância. Na melhor tradução conceitual, Hirst garante que "o importante é a idéia, não a sua execução".

- Sobre as telas que assina, Hirst já declarou que são pintadas por assistentes: "Não estou a fim de me preocupar com isso. A pessoa que melhor tem pintado para mim é Rachel. Ela é brilhante, o melhor quadro meu que você pode ter é um quadro pintado por Rachel". Quando outra assistente resolveu deixar o emprego, pediu a Hirst uma tela sua como lembrança, e ele sugeriu que ela própria a pintasse: "A única diferença entre uma tela pintada por ela e uma minha é o preço", afirmou.

Ou seja, do artista não se espera mais que crie, apenas que assine. A criação, que exige talento e prática, é hoje menos importante que a adequação a uma demanda que ratifique a legitimidade do sistema, que em contrapartida legitimará o artista e sua obra – designando-os como artista e obra, justamente. Da mesma forma que a assinatura do artista consagrado transfere valor à sua obra (é arte aquilo que o artista diz que é arte), o sistema transfere valor ao artista, atestando sua inclusão como membro de um grupo (é artista aquele que o sistema aponta como artista). Nos dois casos, os gestos decisivos são de designação, quase de indexação.

Mas a quem, fora as partes interessadas, Damien Hirst convence ou engana? É essa iconoclastia de fachada que o sistema da arte valoriza? Em nome de que valores é possível justificar ou mesmo entender as informações acima?

Eu mesmo respondo: em nome do dinheiro. A importância da arte de Damien Hirst está no fato de que ela cria dinheiro, e somente nisso. Sem dinheiro, acabou o seu valor, porque é o dinheiro que lhe confere valor artístico. O dinheiro ocupou o vazio existencial deixado pela arte contemporânea, desprovida de qualquer sentido espiritual. Isso reflete tristemente a realidade de que, na sociedade em que vivemos, o dinheiro tem um significado existencial mais importante do que a arte.

Na minha opinião, o que vem acontecendo na arte contemporânea é uma revolução conservadora. Os detentores oficiais do discurso sobre arte - artistas, galeristas, curadores, diretores de museus e o que resta da crítica - diabolizam de forma quase terrorista qualquer tentativa de reflexão independente, esta sim, suprema ironia, tachada de direitista e reacionária. No poder, eles só aceitam uma atitude: a da adesão incondicional ao que é decretado como arte.

9 comments:

EDUARDO OLIVEIRA FREIRE said...

Pois é, muitos consideram que a arte contempoânea é livre e não se prende a critérios, este post mostra que isto é um mito.

Unknown said...

Luciano,
Esse post me fez lembrar um programa que a GNT passou há uns 15 dias – “Iconoclastas – com o Jeff Koons. Mostraram a “fábrica” dele provavelmente no estilo Damien Hirst que você fala. Vários artistas procurando tons de verde, enquanto ele apenas administrava. O designer que o entrevistava perguntou como se define o que é uma obra de arte, se ela pode sair da indústria já pronta, se é a assinatura do artista, ou o que? Ele respondeu que o público é quem determina o que é uma obra de arte!!!! Ao final o designer disse francamente que não conseguiu, após a entrevista, saber se o artista leva a sério o que faz ou se é tudo uma grande piada!
Mudando de assunto, ontem no Mube houve uma mesa redonda sobre a Bienal. Foi muito boa a discussão, principalmente porque o Ivo Mesquita corajosamente compareceu e pode esclarecer alguns pontos, como o fato de que o “Vazio” não é tema e sim estratégia. Ao ser perguntado pelo curador Olívio Tavares de Araújo se haveria tempo e dinheiro para se fazer uma Bienal como sempre foi feita ele disse que sim, o problema não foi tempo ou dinheiro, como se pensava. Foi escolha mesmo! O artista Antonio Henrique Amaral foi quem fez a colocação mais básica e importante: “O evento tem que acontecer e o evento são as obras”. Disse também que “o espetáculo é quem fala e não a Bienal ou o curador. Eles apenas possibilitam e preparam o espaço para que as opiniões aconteçam. Não cabe à Bienal ou ao curador dar uma opinião, eles são meros realizadores de um evento”! Ivo Mesquita afirmara no início que terão artistas na Bienal sim, mas em tom quase debochado disse que ”quadro pendurado na parede, não!” Mais à frente, pressionado, acabou afirmando que serão cerca de 40 artistas. A primeira pergunta da platéia sobre qual o orçamento de que ele dispõe para essa Bienal, recebeu muitos aplausos e à resposta de que são 10 milhões de reais, o auditório ficou indignado pois uma simples conta aritmética revela que são 250 mil por artista!!!!! Ivald Granato da mesa, disse na mesma hora que queria participar dessa Bienal. Um pouco antes Olívio Tavares de Araújo afirmara que com 5 milhões ele realizaria uma. Isso foi apenas o começo, a discussão estava bem acalorada, os artistas bastante interessados. A Bienal tem um histórico a se respeitar, porém Ivo Mesquita disse que ter 150 artistas na Bienal significaria apenas reunir 150 artistas e que isso não levaria a nada, não melhoraria nada, então ele quer um questionamento sobre a arte e sobre a Bienal. Eu pergunto: e porque isso tem que ser durante a Bienal?
Será que a arte está tão conceitual que até a Bienal agora é conceitual?
Abraço,
Argênide

Joyce said...

O.o isso é um absurdo!!!!!!

O cara não faz nada, diz isso pra quem quer ouvir e ainda tem gente que compra oq ele só ASSINA.
Assim é fácil ser artista!!!!!!!!

Joyce said...

O.o isso é um absurdo!!!!!!

O cara não faz nada, diz isso pra quem quer ouvir e ainda tem gente que compra oq ele só ASSINA.
Assim é fácil ser artista!!!!!!!!

Joyce said...

O.o isso é um absurdo!!!!!!

O cara não faz nada, diz isso pra quem quer ouvir e ainda tem gente que compra oq ele só ASSINA.
Assim é fácil ser artista!!!!!!!!

Unknown said...

dizem que Dalí vendia papeis assinados

indigente andrajoso said...

uma dos grandes caracteristicas da arte é como registo conceptual da sociedade e do seu tempo... resta perguntar que sociedade é esta?

o capitalismo destruiu o trabalho, os artistas deixaram de ser artífices para passarem a ser gestores...

enfim...

entretanto tambem ha problemas nas obras de hirst

http://ruimsc.blogspot.com/2007/10/damien-hirst.html

Laura_Diz said...

Li agora na Folha que ele é considerado o melhor, vim ver, caí aqui.
Os tempos são outros, tudo mudou.
Triste isto.
Pô, o cara nem coloca a mão na obra, literalmente :)
sei de artista que fazem isto faz tempo, gente famosa daqui, mas não vou dizer quem, é feio.
Acabo de chegar de Paris, vi coisas lindas lá, mas vi tb o trabalho horroroso do cara, não sei o nome, que está em Versalles, faz favor...

Abs, Laura
www.lauravive.blogspot.com

mussorgsky said...

o verdadeiro valor de uma obra de arte é seu preço?
é, o capitalismo conseguiu a vitória definitiva, se isso é verdade....
o que importa, o conceito ou o seu valor? o status do artista ou a obra?