“No Brasil, ser normal não é só desnecessário: é proibido. (...) Você pode dizer que dois mais dois são cinco, sete ou nove e meio, mas, se diz que são quatro, sente nos olhares em torno o fogo do rancor ou o gelo do desprezo. Sobretudo se insiste que pode provar”.
A reflexão acima é do filósofo e diplomata romeno Andrei Pleshu e se aplica perfeitamente ao mundo da arte. Muito pouco do que escrevo aqui é uma questão de opinião: é a exposição objetiva de aspectos da arte contemporânea, que aliás são tema de calorosos debates na Europa e nos Estados Unidos. Aqui, reflexão crítica é tomada como ofensa pessoal. Há causas históricas e sociológicas para isso, é claro, mas deixo para outros a tarefa de explicá-las. Quem tiver interesse em entender por que somos assim pode começar pela leitura de Sergio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre.
Fico impressionado com o número de mensagens que recebo elogiando a minha coragem, como se eu estivesse denunciando uma máfia ou grupo criminoso: jamais imaginei que para escrever sobre artes plásticas a coragem fosse um requisito necessário. Leiam, por exemplo, os comentários ao meu post sobre a ARCO no portal G1: http://colunas.g1.com.br/maquinadeescrever/2008/02/25/reflexoes-sobre-a-arco-2008/#comments
Mas fico ainda mais impressionado quando algumas pessoas de quem seria de se esperar alguma resposta inteligente - críticos, professores ou mesmo artistas - adotam a tática da negação, do tipo: "não quero mais receber seus e-mails" etc. Será o fogo do rancor ou o gelo do desprezo? Freud explica.
Não é à toa que o debate intelectual sobre arte é tão pobre no Brasil. Quem participa do clube não quer perder sua carteirinha de sócio. Quem não depende dele está preocupado com outras coisas (pintar, por exemplo). O sistema é impermeável a qualquer pensamento dissidente.
Sunday, March 09, 2008
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
1 comment:
não tem jeito, todo sulista anda(va) armado
e se perder a cabeça...dá no que deu
Post a Comment