Wednesday, November 28, 2007

Outra artista com a palavra


Mais um comentário promovido a post, agora da artista plástica Argênide. Quem tiver curiosidade em conhecer seu trabalho, ela tem um site: www.argenide.com.br. Tentei reproduzir aqui uma obra sua, mas não consegui. Então ilustrei o post com uma tela do Romero Britto, que ela cita. Pessoalmente não gosto do trabalho do Romero Britto, é bom esclarecer, mas o que a Argênide diz sobre ele tem procedência.

Luciano,
Parabéns pelas colocações e principalmente pela coragem ao fazê-las.

Há algum tempo, num artigo publicado pela Folha, diversos críticos rechaçavam o trabalho do Romero Britto. Sem questionarmos se a obra dele é ou não relevante, em sua opinião, se ele fosse formado pela ECA ou pela FAAP, os mesmos críticos teriam sido tão duros nas colocações? Porque ninguém saiu em defesa como fazem agora?

Acredito que além do mercado de arte e as galerias, numa outra ponta há o meio acadêmico que não ajuda muito no desenvolvimento de novos talentos, direcionando as suas "crias" para o que está ou não na "moda" da arte contemporânea. Quando se renovará esse caldo ranço que permeia o meio acadêmico? É enferrujado, obtuso e preconceituoso, na sua maioria.

Quando fui para a FAU fazer um curso de pós, há muitos anos, minha crença de que estava indo para um templo de liberdade criativa não durou três dias. Tirando pouquíssimas aulas, e nestas incluo as do Milton Santos, que foram realmente um capítulo à parte, não havia espaço para novas idéias. Tudo deveria estar dentro dos conceitos estéticos valorizados no momento. O que estava na moda ditava o curso.

As suas críticas suscitam um questionamento, acima de tudo. Um questionamento que poucos querem fazer, mas que é muito válido.

Quanto aos trabalhos citados no seu artigo me lembrei de uma entrevista na VEJA, aonde Robert Hughes falou que "Duchamp não foi um grande artista, e sim um homem de idéias notáveis!" e também que "a influência de Duchamp sobre a arte contemporânea foi libertadora, mas também catastrófica." Em seguida explica: "Porque ser o pai dessa bobagem chamada arte conceitual não é uma distinção de que se orgulhar. Para compreender o tamanho do estrago, basta dizer que sem ele hoje não haveria as chamadas instalações, aquelas obras tolas em que o espectador é convidado a passar por túneis e outros recursos infantis. Ou precisa ler uma bula para entender o que o artista quis dizer."

Acredito na arte SEM BULA e que uma coisa é ser criativo e outra coisa é ter talento.

Atenciosamente,
Argênide

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