Thursday, January 03, 2008

Anita Malfatti











O Homem Amarelo e A Estudante, duas pinturas presentes na exposição de Anita Malfatti em São Paulo,, em 1917, marco zero do Modernismo nas artes visuais brasileiras. Cronologicamente, a exposição do jovem Lasar Segall na cidade foi anterior (1913), mas não teve o impacto necessário aos grandes acontecimentos. Anita sacudiu o meio artístico brasileiro, como relatam Mario de Andrade e outros contemporâneos seus, ficando particularmente famosa a crítica publicada por Monteiro Lobato no Estado de S.Paulo. Quando vamos ter uma sacudida semelhante na arte contemporânea? Difícil.

A impressão que dá é que muitos artistas jovens sequer ouviram falar em Anita Malfatti - e, se ouviram, não fez a menor diferença. Anita passou anos estudando na Alemanha e nos Estados Unidos, desenvolvendo a técnica, antes de encontrar, por assim dizer, sua própria voz. (Aliás ela se permitiu, numa segunda exposição em São Paulo, em 1920, apresentar quadros muito menos ousados, e desta vez foi o próprio Mário de Andrade que a criticou severamente, e não mais Lobato). Mas a técnica, como se sabe, é coisa do passado. Como se sabe também, os artistas contemporâneos nascem sabendo, e se não têm habilidade manual encomendam a execução da obra a teceiros. Para eles, Anita Malfatti não deve passar de uma curiosidade de museu, um exemplo de concepções estéticas ultrapassadas. Perdoai-os, Senhor, eles não sabem o que dizem.

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